terça-feira, 29 de dezembro de 2009

As saudades que eu já tinha da minha alegre casinha

É de partir o coração ouvir a L. dizer «Mamã, preciso mesmo da nossa casa de Lisboa». Não fomos visitar a nossa casa, mas foi muito bom ver a alegria dela (e a nossa) ao andar pelas ruas de Lisboa e de Espinho e ao matar saudades da família e dos amigos. Na foto, a brincar na praia da Baía, em Espinho.

I (was) dreaming of a white Christmas


O nosso relvado, 18 de Dezembro. Nunca tinha visto neve.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Vista Alegre


Foi uma agradável surpresa ver que todos os serviços (jantar, chá e café) do restaurante Orangery, no Kensington Palace, são da Vista Alegre.

Christmas menu

Depois de uma visita ao Kensington Palace, um almoço de Natal no histórico restaurante Orangery:

Norfolk Roast Turkey, with all the trimmings, Brussels sprouts, roasted potatoes, sage and onion stuffing, cranberry sauce and sage jus

Cranberry and orange pudding

All served with tea, coffee and mince pies

Mmmmmm...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Doçarias


Hoje, em passeio no Soho: bolos de feijão, pastéis de nata e bolas de berlim no Berwick Street Market.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A Christmas Carol

A festa de Natal da escola da L. foi um sucesso. Ela ficou envergonhada e mal cantou em cima do palco, mas, pelo menos, não chorou, não fugiu e não chamou por nós. Para quem estava na plateia, foi uma hora bem passada. Inspirado no «Conto de Natal» de Charles Dickens, o concerto contou com um Scrooge sensacional, meninos e meninas vestidos à época vitoriana, os fantasmas do Michael Jackson, do Freddie Mercury e do Elvis Presley, meninos e meninas vestidos de sacos de moedas e de árvores de Natal, etc. A banda sonora foi das músicas tradicionais de Natal até ao «Should I stay or should I go» dos Clash, passando pelo «Money, money, money» dos ABBA. Os guionistas e coreógrafos estão de parabéns. Quisemos registar o momento para mais tarde recordar, mas a bateria da máquina acabou no preciso momento em que a L. entrou no palco. Hoje trouxemos o DVD do Christmas Carol da escola e já o vimos pelo menos 3 vezes. E ainda não começámos a mostrá-lo à família e aos amigos.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Biblioteca

Tenho várias críticas a fazer ao sistema de saúde inglês (lá iremos a seu tempo), mas vou começar por apontar um dos pontos positivos. E muito positivo, a meu ver. Há umas semanas, fui com o D. ao centro de saúde, à consulta dos oito meses. Apesar de os testes que lhe foram realizados deixarem muito a desejar, saímos de lá com um saco com vários panfletos (entre eles um sobre bilinguismo), uma escova de dentes e dois livros. É verdade, o serviço nacional de saúde inglês oferece livros a todos os bebés para incentivar o gosto pela leitura desde cedo. Quis saber se em Portugal se fazia algo semelhante (os meus filhos são seguidos por uma pediatra privada) e fiquei muito contente ao saber que o projecto 'Ler + dá saúde' persegue os mesmos objectivos. A diferença é que, infelizmente, em Portugal, ainda não se oferecem exemplares aos bebés.
Entre outros conselhos, a enfermeira (health visitor) que observou o D. sugeriu que fossemos à biblioteca da zona. Eu disse-lhe que lemos sempre muitos livros em casa, mas mesmo assim ela insistiu. Nunca me tinha passado pela cabeça lá ir com as crianças tão pequeninas - normalmente pede-se silêncio nas bibliotecas. Hoje, quando fui buscar a L. à escola, decidi desafiá-la a ir à biblioteca para ver como era. Passámos pela zona dos adultos, atravessámos uma espécie de porta de circo e encontrámos a recepção da secção infantil da biblioteca. Estacionámos a trotineta no 'estacionamento dos carrinhos de bebé' (sim, há um canto reservado para deixar os carrinhos) e olhámos em volta: vários bebés, alguns bem pequeninos, liam livros ao colo das mães ou das amas, ou brincavam no espaço amplo reservado à leitura. Enquanto inscrevia a L., ela já vasculhava os caixotes de livros para escolher um e brincava com umas bonecas nas cadeirinhas e nos sofás dos pequeninos. Lemos um livro e escolhemos outro para trazer para casa. Fiquei conquistada pela ideia de levar as crianças à biblioteca. Além de ser um óptimo programa para um dia de chuva. Amanhã volto lá com o D.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Pernas para que te quero

Ao chegar a Londres, e depois de tratar das questões essenciais, como a inscrição no centro de saúde ou a abertura de uma conta bancária, comecei a procurar outros serviços básicos, como uma esteticista. Quando perguntei quanto me custaria esse grande luxo que é fazer a depilação, disseram-me que seria, no mínimo, 80 libras. Passado o choque inicial, pensei nos benefícios de manter as pernas quentinhas no Inverno. E recebi inclusivamente sugestões para iniciar a moda das trancinhas.
Já estava conformada quando, para sorte minha, descobri no meu bairro, algumas semanas depois, dois cabeleireiros com depilação a 25 libras. Suspirei de alívio. Sempre é mais acessível. Antes de escolher qual será o meu eleito, decidi testar os dois. Já experimentei a esteticista tailandesa e gostei. A leve massagem no final e a musiquinha de elevador oriental são muito relaxantes. Agora falta-me experimentar a outra, que descobri entretanto que é brasileira, tal como a maioria dos empregados daquele cabeleireiro. Enquanto arranjava as mãos, e quebrada a barreira da língua, fiquei a saber que a manicure está quase a separar-se do namorado e vai ficar sozinha em Londres, e que costuma ir ali uma tal prima da rainha. Na televisão passava um desfile do Carnaval do Rio de Janeiro para uma cliente que queria aprender a dançar. Quando me vinha embora, outra cliente, já de cabelos brancos, sambava com estilo no meio do salão. Se aquele cabeleireiro for sempre assim tão animado, acho que já escolhi onde ir.

Royal borough

Andando por Londres e olhando para as tabuletas com o nome das ruas, depressa me saltou à vista o facto de o bairro onde vivemos ser um royal borough (como se pode ver na foto da coluna da direita deste blogue).
Esta semana, ao visitar o Town Hall (qualquer coisa equivalente à junta de freguesia), o Mayor explicou-nos a origem daquela designação. A Rainha Victoria nasceu em 1819 no Kensington Palace, ainda hoje ocupado por membros da família real, e sempre manifestou o desejo de atribuir o estatuto Real ao bairro onde nascera. A Rainha morreu em Janeiro de 1901 sem ver o seu desejo cumprido, mas, em Julho do mesmo ano, o seu filho e sucessor Edward VII (na foto) conferiu o referido estatuto ao bairro, que passou a chamar-se The Royal Borough of Kensington (Chelsea era na altura um bairro à parte). Apenas Kingston upon Thames e Windsor and Maidenhead receberam a mesma distinção em todo o reino.
Ao chegar a casa, descobri que King Edward VII, nada mais nada menos do que Eduardo VII de Inglaterra, teve a honra de ver baptizado com o seu nome o maior parque do centro de Lisboa em 1903, após a sua visita no ano anterior a Lisboa, para reafirmar a aliança entre os dois países. Cento e seis anos depois, somos nós quem presta uma visita (um pouco mais demorada) a Inglaterra, para manter boas relações entre os dois países.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Linguagem das árvores

Num agradável passeio, esta manhã, pelo Holland Park, descubro a linguagem das árvores. Enquanto umas, despidas, anunciam o fim do Outono...

... outras, vigorosas, a(ze)divinham a chegada do Natal.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

It's Christmas time

Não sei se foi essa a intenção, mas tive a sensação de este fim-de-semana ter sido escolhido para declarar oficialmente aberta a época natalícia em Londres. Passada a febre do Halloween e da Bonfire Night, as montras substituem agora as abóboras e as tabuletas a dizer «Vende-se fogo de artifício» por Pais Natais. A  animação começa nas ruas, nos mercados, nos parques e nos museus. Há feiras de Natal, ringues de patinagem no gelo, parques de diversões e luzes de Natal por todo o lado.
Apesar da chuva, quisemos entrar no espírito e fomos ontem visitar a Winter Wonderland, no Hyde Park. Há tendas com artesanato e bugigangas, barraquinhas com comida e doces, renas e bonecos de neve, música ao vivo, um ringue de patinagem no gelo, muitos carrosséis e uma roda gigante. Os olhos do D. e da L. brilhavam, mas quem não tirava o sorriso do rosto era eu. Com a desculpa de acompanhar a L., andei num carrocel à antiga, com os cavalos a subir e a descer, e o T. desceu num escorrega em caracol em cima de um tapete. Cheguei a casa com o cabelo a pingar, mas muito empolgada com a excitação.

Hoje decidimos fazer um programa diferente e ir ao Natural History Museum, mas não escapámos ao espírito natalício. Esperavam-nos à entrada mais um carrossel e um ringue de patinagem (na imagem da direita, a zona azul ao fundo). Ainda não foi desta que me atrevi a patinar no gelo - a pista estava cheia de água da chuva e uma queda ali iria custar-me uma grande molha -, mas lá fui outra vez dar uma voltinha no carrossel. Quando saimos do museu, por volta das 6 da tarde, já era noite cerrada, e a imagem das luzes (nas árvores, no ringue e no carrocel) fez-me sentir uma criança outra vez. Vou já começar a escrever uma carta ao Pai Natal.

sábado, 21 de novembro de 2009

Bravo

Sinto-me como se estivesse de ressaca, depois da noite passada. O D., que já mal acorda durante a noite, resolveu chamar-me várias vezes para comer. Passada a irritação, lembrei-me do Brazelton, meu companheiro de cabeceira. Diz ele que todas as crianças passam pelos chamados pontos de referência: períodos de retrocesso que antecedem ou acompanham períodos de desenvolvimento. Tudo indica que é este o caso. A noite difícil que passou o D. explica-se muito simplesmente pelas novidades e pelos progressos que tem tido recentemente. Para além dos dois dentes que já lhe nasceram, já se senta sem apoio (embora caia frequentemente), vai conseguindo levantar-se e voltar a sentar-se, adora agarrar-se às costas do sofá e tentar pôr-se de pé, se lhe pusermos uma mão a servir de apoio para os pés consegue arrastar-se para chegar aos brinquedos, brinca sozinho durante breves períodos, diverte-se como nunca no banho, levanta a mão como se quisesse dizer adeus. Há pouco, vi-o bater as primeiras palminhas. A alegria foi tanta que cheguei a pensar que não me vou importar se ele me acordar muitas vezes esta noite.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Fato escuro

Três meses depois de aterrarmos em Londres, chega o tão aguardado momento: o primeiro convite. O problema foi que, no espaço de uma semana, chegaram logo o segundo e o terceiro. Um almoço formal, um jantar informal e, agora, um jantar formal. No convite vem a indicação: «fato escuro». Leiga nestas matérias, fui imediatamente em busca do verdadeiro significado do termo. Descobri que corresponde, em inglês, a «informal dinner». Mas, de informal, tem pouco. Os homens devem levar fato escuro, gravata de tecido nobre (seda), mas discreta, e sapatos pretos. As senhoras, vestido, tailleur ou conjunto de duas peças em tecidos nobres, sapatos e carteira de pele com brilho, metalizados, em camurça ou em tecido.
Consultado o guarda-roupa, cheguei à conclusão de que precisava de ir às compras. Parti em busca de um vestido nas lojas da Kensington High Street, mas sem sucesso. Em desespero, decidi ir ao Westfield, «the largest in-town shopping and leisure destination in Europe». Saí de lá com os pés desfeitos, mas com dois vestidos, sóbrios, que me pareceram adequados.
Ao dirigir-me para a saída, comecei a aperceber-me de uma grande fila de pessoas, sobretudo raparigas, vestidas como se fossem para um casamento. Saltos altos, lantejoulas, maquilhagem excessiva. O motivo? A Mariah Carey estava lá para ligar as iluminações de Natal do centro comercial e para dar autógrafos do seu novo álbum.
Comparando a formalidade do meu jantar e daquele evento, passou-me pela cabeça voltar atrás e comprar um dos inúmeros vestidos espampanantes que se vêem nas lojas e que se viam naquela fila. Mas como sou tudo menos fã da Mariah Carey, não me deixei conquistar pelo mau gosto. Corri para apanhar o autocarro 49 e vim para casa ouvir antes o CD Joana Come a Papa, do José Barata Moura, com os meus filhos.

Lesson number two

Uma mudança nunca é fácil, sobretudo para as crianças. A L., depois de uma fase mais conturbada, parece estar finalmente adaptada: ao novo país, à nova casa, à nova escola, à nova língua. Ontem tive uma reunião com a professora dela. Diz ela que a L. é uma criança feliz, muito activa (mas isso já nós sabíamos) e que aprende depressa. Compreende bem o que lhe dizem e já consegue dizer muita coisa em inglês.
Em casa, já começou a misturar as línguas e não raras vezes diz coisas como: «Mamã, quero grapes, please» ou «Mummy, quero milk com chocolate e torradinha com doce de pumpkin». Outras vezes, inventa. Há dias pegou num livro que estávamos a ler e disse: «Agora vou ler o livro em inglês.» «Está bem», respondi. «Blanhubpod ing, blu prixowed ing, nha aquinerut ing, somelidov ing...»
A pronúncia, por seu lado, ainda não está muito bem trabalhada - com raras excepções. É o caso dos números. Se o três sai mal, o quatro sai perfeito: «one, two, sree, fôo...». Mas a mais cómica de todas foi da palavra «ginástica». Esticou o lábio superior para a frente e com a boca em formato de grão-de-bico disse: «gymnastics». Desatei a rir. Ela responde com um ar sério: «Mãe, é 'ginástica' em inglês!».

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

«Oooohhh, really??!!»

Quando nos mudámos em 2006 para o nosso apartamento em Lisboa, deixámos de ter televisão em casa. Mais tarde, quando a fomos buscar ao armário do escritório, só ligámos a antena com os quatro canais. Por isso, quando íamos a casa dos meus pais, que têm a Zon, passávamos (passamos) muito tempo a ver televisão. Um dos programas onde páro muitas vezes, não sei bem porque razão, é o Antiques Roadshow, um programa inglês sobre velharias e antiguidades, onde especialistas avaliam e comentam peças e móveis, explicando a sua origem e o seu valor. Sempre achei piada à reacção dos donos das peças ao saber o seu valor. «Oooohhh, really??!!»
Chegados a Londres, ficámos umas semanas instalados num hotel antes de nos mudarmos para esta casa. Os canais de televisão eram bastante maus, mas fomos fazendo zapping para nos distrairmos. Não só vimos por diversas vezes o Antiques Roadshow, como descobrimos outros programas do género, que passam constantemente na televisão: o Cash in the Attic e o Bargain Hunt. Comecei a achar que isto dizia alguma coisa sobre os ingleses.
Hoje, depois de almoçar com o T., dei um passeio por Knightsbridge, zona do famoso Harrods, e apanhei o autocarro 9 de regresso a casa. Sentei-me no andar de cima, na terceira fila. Atrás de mim, três ingleses conversavam animadamente sobre a feira que iam visitar: a Winter Olympia Fine Art & Antiques Fair, em Olympia, onde em tempos se fazia a Feira do Livro de Londres. Falavam sobre a cómoda que compraram na feira do ano passado, sobre outras feiras de antiguidades, sobre o preço das peças, sobre os orçamentos, sobre os leilões e sobre as melhores estratégias para conseguirem fazer bons negócios. Não aprendi nada, mas fiquei seriamente tentada a ir à feira. Afinal, não me posso integrar se não conhecer os costumes britânicos, por mais excêntricos que sejam.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Obra feita


A imagem não faz jus à obra. Ontem já passava da meia noite quando acabei de desenhar a rainha nas moedas. Não havia muita luz e tirei a fotografia com o telemóvel - a bateria da máquina foi-se. Mas estou inchada de orgulho. Cosi a sarapilheira dos lados e na zona dos ombros, abri os buracos para os braços e fiz as bainhas, fiz a faixa por onde passa o elástico em baixo, abri os buracos por onde passa a corda dourada na zona do pescoço, cortei o símbolo da libra em tecido e colei-o, preguei os botões, forrei-os com papel de alumínio e desenhei a rainha com caneta dourada. Foram três serões, mas valeu a pena. Está um saco de moedas perfeito.

Agora é só esperar até dia 1 de Dezembro para ver a Laura com ele vestido a cantar «We are family». Tenho a certeza de que vai ser a menina mais bonita da festa de Natal da escola.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Numa casa portuguesa fica bem


Obrigada, Ty, é fantástico!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Magusto














Só faltou mesmo a jeropiga.

Shepherd's Bush Market


Esta manhã, depois de ir levar a L. à escola, fui em busca de material para lhe fazer o fato para a festa de Natal. Apanhei o 49 até White City e andei até ao Shepherd's Bush Market. Entrei numa outra dimensão. São duas longas filas de bancas e pequenas lojas onde se encontra de tudo: frutas e hortaliças frescas, tecidos, animais de estimação, malas, peixe, carne, panelas, esponjas, roupa, lençóis, toalhas, plásticos, guarda-chuvas, chapéus, sapatos, louças, bijuteria. Fez-me lembrar a feira de Espinho, mas de tamanho bastante menor e sem os pregões dos ciganos. Ao contrário daquela, a localização das bancas não é compartimentada e encontramos o peixe entre os tecidos e os animais de estimação e a roupa interior ao lado das bacias de plástico. Mesmo assim, não é difícil encontrar o que precisamos. Comprei sarapilheira, cordão, linha para coser e fita preta para o fato. E, para minha alegria, encontrei também carapaus frescos e castanhas, para celebrarmos o São Martinho ao jantar. Regressei a casa com um sorriso nos lábios e com a certeza de este mercado vai fazer parte da minha rota semanal.

Dente de leão














É oficial: apesar de praticamente invisível a olho nu, o primeiro dente do D. saiu cá para fora. Está na altura de mudar de chupetas.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Comp clubs

Esta manhã, enquanto tomava banho, ouvi na BBC Radio 4 uma reportagem sobre grupos de concorrentes. Passo a explicar: são pessoas que dedicam cerca de 1 a 2 horas diárias a concorrer a concursos, sejam lançados pelos cereais da manhã, pela agência de viagens do bairro ou pela revista semanal da sua preferência. Ao fim-de-semana chegam a passar 5 a 6 horas à procura de mais concursos para mandar fotografias, frases, códigos de barras ou cupões. E o mais estranho é que formam clubes para trocarem informações.

Ao imaginar como estas pessoas devem ser solitárias, fico feliz por ter conseguido ultrapassar o vício de telefonar para a rádio durante a minha adolescência. Cheguei a ganhar um disco dos Sétima Legião e um jantar num restaurante em Esmoriz. Em todo o caso, comecei a guardar as provas de compra das bolachas digestivas, não vá um dia haver um sorteio qualquer.

Ciclo da água

Toda a gente sabe como é a sensação de beber uma bebida demasiado quente e sentir o tubo digestivo a queimar-se até ao estômago. Hoje experimentei uma sensação diagonalmente oposta. Ao sair à rua, senti o ar frio entrar-me pelas narinas e percorrer o sistema respiratório até aos pulmões. Quando regressei a casa, as estalactites e estalagmites que se formaram na faringe, laringe, traqueia e brônquios foram-se lentamente desfazendo até ao estado gasoso e embaciaram os vidros da sala. Aproveitei para escrever nas janelas impropérios contra as condições climatéricas adversas.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Alice já não mora ao lado

Poucos dias depois de nos mudarmos para esta casa, fomos convidados pelos vizinhos do andar de baixo, uma mexicana e um alemão, para uma festa para celebrar o seu casamento. Foi uma óptima oportunidade para conhecermos os vizinhos e nos sentirmos integrados. Como é natural, as crianças começaram imediatamente a brincar umas com as outras. Alguns gritos e choramingos depois, deu para perceber que os três filhos da holandesa e do belga do rés-do-chão não se iriam dar muito bem com a L. Até que chegou a Alice, a menina inglesa, nossa vizinha da frente. Aos saltinhos pela relva, lá veio brincar com a L. e, embora não conseguissem falar uma com a outra, entenderam-se lindamente. Foi a primeira amiga que a L. fez em Londres. Todos os dias, ao chegar a casa, a Alice metia a mão pela nossa ranhura do correio e fazia bater a pala. Era o sinal para abrirmos a porta e a deixarmos entrar. Muitas vezes ficaram as portas de entrada abertas para elas correrem, ora para uma casa, ora para a outra, e brincarem e trocarem brinquedos. Quando se encontravam no parque, era uma festa. Gritavam o nome uma da outra e lá iam a correr para o escorrega.
Há três dias que não ouvimos barulho à nossa porta. A Alice mudou de casa e sentimos saudades dela.

Voltei, voltei

Regressámos da nossa primeira visita à pátria. Foi bom voltar a pôr os braços e os pés de fora, passear por Alcântara, tomar o pequeno-almoço no Galão, cortar o cabelo, arranjar as mãos e os pés, comer frango assado do Resina, trincar um pastel de nata, ir à farmácia comprar reservas de medicamentos e não só, cantar duas vezes os parabéns à L., ir à pediatra, rever os amigos, conhecer as filhas dos amigos, conversar com o ilustrador dos livros da Bruxa Mimi, ouvir falar português em todo o lado. À chegada a Londres, encontrámos o frio e a chuva. Mas soube bem vestir o pijama, ligar o aquecimento e beber uma chávena de chá, enquanto conversávamos sobre como é bom ir a casa. Voltaremos em breve.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Três


















Parabéns, L.!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Rua dos Plátanos














Nasci e cresci em Espinho, na segurança de uma cidade em que as ruas, numeradas, são (quase) todas paralelas e perpendiculares. À excepção das grandes palmeiras que acompanharam a minha infância na avenida da casa dos meus pais (e que agora moram umas quantas ruas acima) e de algumas árvores mais vistosas numa ou noutra rua, não se pode dizer que Espinho seja uma cidade muito arborizada. Ainda assim, o meu imaginário infantil tem muito presente a Rua 31. Era a rua que subia para ir para a catequese, para o posto médico e, mais recentemente, para o cabeleireiro ou para o Multimeios. Se a rua tivesse um nome em vez de um número, chamar-se-ia Rua dos Plátanos. E poderia bem ser o cenário para a história «Beatriz e o Plátano», de Ilse Losa, que marcou a minha geração.
Anos depois, regresso àquele imaginário cada vez que saio de casa e caminho em direcção ao Holland Park. A rua está cheia de plátanos enormes, bem maiores do que os que conhecia na Rua 31. Na semana passada, de regresso do parque infantil, a L. e eu divertimo-nos a descobrir quantos tons poderiam as folhas caídas das árvores tomar. E trouxemos um bocadinho dos plátanos para casa.

domingo, 25 de outubro de 2009

Lightaholics Anonymous

A hora mudou e começo a temer pela minha sanidade mental. O meu humor andou sempre de mãos dadas com a luz solar - apesar de haver estudos que indicam que a falta de luz e de sol não influencia o estado psíquico e a felicidade das pessoas. E o cenário começa a ficar sombrio.
Hoje pouco passava das 5 da tarde e já estava a escurecer. Às 6 já era noite cerrada. Senti-me desvanecer com a luz. Nem quero pensar no que irá acontecer quando chegarmos a Dezembro. Noite às 3 da tarde? Tenho de procurar um grupo de ajuda rapidamente. Enquanto isso, aguardo com ansiedade que as montras substituam as abóboras pelos Pais Natais. Sairei pela manhã em busca de luzinhas para pendurar nas janelas em substituição do sol.

Fiel amigo


Ontem voltámos a reabastecer a despensa, desta vez na 'Delícias de Portugal', na Warwick Way, em Victoria. Comprámos muito bacalhau, muitas alheiras, uma morcela, um chouriço, pescada n.º 3 para cozer, peixe para caldeirada, croquetes e bolinhos de bacalhau para fritar, arroz Saludães, batatas fritas Barrosãs, salsichas Nobre, Nestum, Cerelac, bolachas de Água e Sal, línguas de veado, doce de abóbora, rebuçados de fruta Penha, pão saloio e broa de milho.
Hoje, domingo, apesar de não termos convidados, deliciámo-nos com um belo bacalhau com broa acompanhado de batatas a murro. Até a L., que insiste em dizer que não gosta de bacalhau, rapou o prato.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Episódio matinal

Esta manhã, decidi caprichar no visual: uma saia, sapatos altos, um lenço. Antes de sairmos, pergunto à L.: «A mãe está maravilhosa?» «Não.» «Não?!» «Falta qualquer coisita.» Olhei para baixo a ver se tinha tudo como deve ser. «Falta um baton de cieiro. Tens os lábios muito secos.»

Vá para dentro lá fora














Chegamos dia 30!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Playback

Em Londres, há impressões com as frases «look left» e «look right» em quase todos os passeios. Seguramente para evitar um grande índice de atropelamento de turistas e imigrantes recentes. No entanto, vai levar muito tempo até me habituar a olhar para o lado certo antes de atravessar a estrada. Para já, continuo a olhar primeiro para a esquerda, como se os carros circulassem à direita. Mas depressa me apercebo que aqui é ao contrário e volto vigorosamente o pescoço para a direita, para ver se vem algum carro antes de pôr o pé na estrada. Sinto-me uma espécie de Carlos Paião a fazer coreografias antes de atravessar a rua. «Em playback! Tum, tum! Em playback! Tum, tum! Em playback!»

domingo, 18 de outubro de 2009

Dona de casa desesperada

«Mãe, ainda não me disseste onde fica a Gradiva de Londres.» Quando a L. se saiu com esta, senti o chão fugir-me debaixo dos pés. Não há Gradiva de Londres. E agora?
É a primeira vez que estou desempregada. Foi a terceira vez que entreguei uma carta de demissão, mas esta foi a mais dolorosa. Pelo simples facto de ter de abandonar um trabalho que adoro. E por não ter assegurado um novo emprego.
Felizmente, as rotinas diárias de quem tem duas crianças pequenas não deixam pensar muito no assunto. Mas quando a L. me fez esta pergunta, caí em mim e fiquei desarmada. «A Gradiva é em Lisboa. Aqui em Londres, a mãe vai ficar em casa a tomar conta de ti e do mano.» Ela aceitou, mas franziu o sobrolho, como quem diz «mas isso é trabalho?!». Pois não é. Mas é a minha ocupação actual: dona de casa. Às vezes um bocadinho desesperada.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Carrinhos à solta

Enquanto continua a fazer sol, os nossos fins-de-tarde e fins-de-semana têm sido passados sobretudo em parques infantis. É claro que estes são locais de concentração de mães, pais e crianças, mas não deixo de me espantar com a quantidade de bebés e carrinhos de bebés que há em Londres. Chegando a um qualquer parque, gera-se habitualmente um parqueamento improvisado para os carrinhos de bebés. Outros são deixados à beira dos bancos de jardim ou junto aos gradeamentos. São poucos os pais que mantêm os carrinhos ao pé de si.
Sempre ciosa dos meus pertences, comecei por não me afastar dos meus carrinhos de bebés enquanto a L. e o D. se divertiam pelos parques. Mas cedo me apercebi que não havia razão para preocupações. Ninguém se detém a vigiar o seu carrinho porque aparentemente ninguém rouba carrinhos de bebés. Não é coisa que se faça. Parece haver um respeito instituído e inquebrável pelos objectos relativos à maternidade. Assim como não se tira um chupa-chupa a uma criança, também não se rouba um carrinho de bebé.
Hoje deixei o carrinho à entrada do parque e fui a correr com a L. para o pneu-baloiço gigante. E foi muito divertido.

Vida selvagem


Vida selvagem no jardim das traseiras. Só faltam as raposas que nos vêm visitar de vez em quando.

Orgulho nacional














Eu também tenho orgulho nacional, não são só os ingleses.

domingo, 11 de outubro de 2009

Lago dos cisnes














Fim de tarde em Kensington Gardens.

Iniciação ao inglês

Na sua iniciação ao inglês, a L. começou a dizer algumas palavras e a usá-las com o sentido e no momento certos. Sabe dizer quase todas as cores, os dias da semana, contar até dez, dizer «sim», «não», «bom dia», «até logo», «até amanhã», «obrigada», «de nada», «com licença», «por favor», «desculpa» e mais algumas palavras de que agora não me recordo. Este fim-de-semana, para além de um «mummy» e um «daddy» deliciosos, fomos prendados com uma música tradicional: «Twinkle, twinkle, little star». Só que, neste último caso, ela não faz a mínima ideia do que está a dizer. Canta porque gosta de cantar, mas não percebe as palavras que diz e inventa metade. É enternecedor. Faz-me lembrar a minha infância, quando cantava as músicas que ouvia na rádio mas deturpava tudo. Pensando bem, ainda hoje faço o mesmo.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Falta de concordância

Há qualquer coisa de estranho na forma de vestir das mulheres londrinas (e aqui cabem todas as nacionalidades que coabitam em Londres). É certo que o tempo muda rapidamente, e até admito que seja difícil decidir o que vestir de manhã, já que à tarde pode o clima estar completamente diferente. Ainda assim, há pormenores que me causam muita confusão. Vejo mulheres de sandálias e casaco de fazenda; mulheres de vestido de alças e botas de pelo de carneiro; mulheres de calções pela bochecha do rabo sem meias e camisolas de lã de gola alta; mulheres de mini-micro-saia sem meias e blusão de penas. A imagem que mais me espantou foi a de uma mãe a empurrar no carrinho um bebé muito agasalhado, com casaco e carapuço, tapado com uma manta quentinha, e com os pés de fora, nus. Têm de concordar que isto tem o seu quê de falta de concordância. O sujeito e o verbo andam de costas voltadas nas ruas de Londres. E causam arrepios.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Próxima estação

Tenho memórias muito vivas da minha infância, em que o ano se dividia claramente em quatro partes não iguais. O clima era mesmo diferente consoante estávamos no Inverno, na Primavera, no Verão ou no Outono. E os sinais de que as estações estavam a mudar eram claros.

Este ano, tive a oportunidade de reviver essas memórias de infância. No final de Setembro, lá estavam as árvores a alaranjar e a começar a desfolhada. As ruas e os parques de Londres estão cheios de folhas no chão. Na minha rua, com tantas árvores, às vezes é difícil ver o passeio. E o jardim verde nas traseiras está todo salpicado de laranja.

O frio já começou, entretanto, a chegar – moderadamente, como era de esperar. E depois de quase um mês sem chuva, lá regressou ela para dar a Londres o seu ambiente mais natural.

O mais estranho no meio disto tudo é que, ouvindo as notícias de Portugal, soube que o país foi assolado pelas cheias, enquanto por aqui continua tudo dentro da normalidade.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Os guardanapos

O Tiago acha que são as alcatifas que definem os ingleses. Eu acho que são os guardanapos. Ou a falta deles. Numa ida a um supermercado qualquer, depressa se percebe que os ingleses só usam os guardanapos para festas. A escolha é muito reduzida. São quase sempre coloridos, estampados, com folhas grossas, de qualidade, e em pacotes de 25 unidades. Mal se encontram nas prateleiras. Preço médio: uma libra e meia. Por outro lado, há filas inteiras de lenços de papel em caixas, os tissues.


Recusando-me a pagar o semelhante por um pacote de guardanapos que se deitam fora a cada utilização, passei por uns tempos a usar os rolos de cozinha na mesa - até ir ao ikea e me abastecer com uns 15 pacotes de 100 unidades a uma libra e trinta e nove pences cada. E reflecti longamente sobre o assunto. Cheguei às seguintes hipóteses:

- ou os ingleses são tão civilizados que não sujam a boca quando comem;
- ou usam os tissues para limpar a boca;
- ou estão constantemente doentes, com o nariz a correr, e perdem o apetite;
- ou ficam tão deprimidos com o mau tempo, que passam o tempo a chorar e deixam de comer.

Se esta última teoria se verificar verdadeira, espero pelo menos que não seja contagiante.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

17

Faz hoje 17 anos que parti de Espinho e cheguei a Lisboa Santa Apolónia com duas singelas malinhas e muita angústia no coração. Tinha 17 anos. Nunca tinha estado tão longe de casa, nunca tinha vivido sozinha. Os primeiros tempos foram difíceis e nunca pensei que algum dia ficasse a viver em Lisboa. Era uma cidade demasiado grande. Passava o tempo a contar os dias que faltavam para apanhar o comboio inter-regional das sextas-feiras depois das aulas.
Constato agora que, não só fiquei a viver em Lisboa, como 17 anos depois estou a mudar-me para uma cidade maior. O que me leva a pensar onde estarei daqui a 17 anos. Não há mesmo forma de prever onde a vida nos leva.

domingo, 4 de outubro de 2009

Almoço de domingo

Aproveitando o fim-de-semana, ontem fomos passear a pé. Atravessámos o Holland Park, chegámos a Notting Hill e, depois de um gelado italiano, percorremos a Portobello Road (o Tiago faz uma boa descrição no seu blog). Lá mais para o fundo da rua, virando à direita, encontrámos uma pequena concentração de lojas portuguesas. O minimercado Lisboa, a papelaria e retrosaria Lisboa, a pastelaria Lisboa e o café O'Porto. Enquanto o Tiago comprava croquetes e pães-de-leite na pastelaria, abasteci, como qualquer emigrante exemplar, a nossa despensa de papa Cerelac, arroz Cigala carolino, atum Bom Petisco, alheiras de Mirandela, bolachas Maria da Triunfo e bacalhau demolhado e ultracongelado de uma marca manhosa qualquer.

Hoje, domingo, convidamos a Gisela, o Sanjiv e o Ricardo para almoçar. Também cá está a Paula, a irmã do Tiago. Preparei um almoço tipicamente português: um belo bacalhau no forno, com alho, pimento e azeite (português, claro), acompanhado de batatas a murro. Só faltou mesmo a broa. Para a sobremesa, mousse de chocolate, morangos e gelado de baunilha. Um regalo.

Já estou a pensar no próximo almoço de domingo.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A segurança dos objectos

Todos os processos de mudança são difíceis para quem passa por eles. Mesmo quando envolvem uma certa aura de aventura. O apoio da família e dos amigos é essencial para tornar o processo mais suave, mas acredito que, mais do que isso, precisamos de nos ver rodeados de objectos pessoais para nos sentirmos em segurança.

A sensação de voltar a ver as minhas coisas quando abri os caixotes de cartão foi reconfortante. E agora que já arranjámos novos sítios para os nossos livros, para os álbuns de fotografias, para o quadro do casamento sul-americano pintado pela minha irmã, para a ventoínha da minha avó, para a minha bola de voleibol, sinto-me finalmente em casa. E que bom que é estar em casa.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Bom augúrio

No exacto dia das mudanças, e com tamanha excitação, a L. sofreu um pequeno desarranjo intestinal. Para além de várias calças sujas e banhos de banheira, ainda tive de lidar com um outro problema: as manchas na carpete imaculada da minha casa nova. Em vez de ficar zangada, decidi interpretar isto como um sinal de boa sorte.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Melbury Road

Procurar uma casa para alugar em Londres leva-nos ao desespero. Os preços são exorbitantes e é praticamente impossível encontrar o que queremos dentro de um orçamento limitado. Mesmo assim, vamos em busca do apartamento ou da casa de sonho, perdendo a esperança a cada visita. O nosso caso foi curioso. Decidimos que precisávamos de uma casa com 3 quartos, uma sala grande, chão de madeira e muita luz. Mostraram-nos várias, incluindo apartamentos com carpete nas casas-de-banho. Inimaginável. Mas ficou-nos sempre na ideia a primeira casa que vimos. O problema é que tinha carpete e só tinha dois quartos - nada do que procurávamos. Mas tinha um jardim muito agradável e ficava mesmo junto ao Holland Park. O destino é mesmo assim. Não há amor como o primeiro e aqui estamos nós, já instalados, na Melbury Road.

Primeiras impressões

Chegámos a Londres de malas aviadas há pouco mais de um mês. Não foi a primeira vez que aterrei em Heathrow. Já cá tinha estado várias vezes, em trabalho. No pouco tempo que tive para visitar a cidade nessas rápidas viagens, fiquei sempre com a impressão de que iria gostar de cá viver. E aqui estamos nós.

O mais engraçado é que a minha imagem de Londres é hoje completamente diferente. Nem melhor, nem pior: diferente. Em qualquer dos casos, é bom saber que continuo a achar que vou gostar muito de cá viver.

Quilómetro zero

«With the coming [to London] began the part of my life you could call on the road.» É com uma das primeiras frases de On the Road, de Jack Kerouac, que dou início ao conta-quilómetros. Apesar de não viajarmos de carro, já demos início à nossa primeira viagem com bilhete só de ida. Primeira paragem: Londres. É desta cidade, mais precisamente da Melbury Road, que conto enviar-vos post(ai)s sobre a experiência.

Ana, Inês, Tiago, obrigada por me desafiarem.