quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Fato escuro

Três meses depois de aterrarmos em Londres, chega o tão aguardado momento: o primeiro convite. O problema foi que, no espaço de uma semana, chegaram logo o segundo e o terceiro. Um almoço formal, um jantar informal e, agora, um jantar formal. No convite vem a indicação: «fato escuro». Leiga nestas matérias, fui imediatamente em busca do verdadeiro significado do termo. Descobri que corresponde, em inglês, a «informal dinner». Mas, de informal, tem pouco. Os homens devem levar fato escuro, gravata de tecido nobre (seda), mas discreta, e sapatos pretos. As senhoras, vestido, tailleur ou conjunto de duas peças em tecidos nobres, sapatos e carteira de pele com brilho, metalizados, em camurça ou em tecido.
Consultado o guarda-roupa, cheguei à conclusão de que precisava de ir às compras. Parti em busca de um vestido nas lojas da Kensington High Street, mas sem sucesso. Em desespero, decidi ir ao Westfield, «the largest in-town shopping and leisure destination in Europe». Saí de lá com os pés desfeitos, mas com dois vestidos, sóbrios, que me pareceram adequados.
Ao dirigir-me para a saída, comecei a aperceber-me de uma grande fila de pessoas, sobretudo raparigas, vestidas como se fossem para um casamento. Saltos altos, lantejoulas, maquilhagem excessiva. O motivo? A Mariah Carey estava lá para ligar as iluminações de Natal do centro comercial e para dar autógrafos do seu novo álbum.
Comparando a formalidade do meu jantar e daquele evento, passou-me pela cabeça voltar atrás e comprar um dos inúmeros vestidos espampanantes que se vêem nas lojas e que se viam naquela fila. Mas como sou tudo menos fã da Mariah Carey, não me deixei conquistar pelo mau gosto. Corri para apanhar o autocarro 49 e vim para casa ouvir antes o CD Joana Come a Papa, do José Barata Moura, com os meus filhos.

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