quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Furacão














De há umas semanas para cá, acabou-se o meu sossego. O D. descobriu os prazeres de se movimentar sozinho pela casa e não há quem o consiga parar. Percebeu que anda mais rápido se gatinhar, em vez de se arrastar, e já aperfeiçoou a técnica. Põe-se em pé sozinho e atira com tudo o que está em cima das camas e dos sofás a baixo. Abre e fecha todas as portas e gavetas da casa (o que já lhe valeu vários dedos entalados). Atira-se para fora do parque e segue rapidamente em direcção aos armários da casa-de-banho ou às máquinas da cozinha. Tem uma fixação por fios e ainda mais por livros: consegue esvaziar as estantes de baixo enquanto o diabo esfrega um olho. É forte como um Golias e atira a baixo candeeiros de pé, árvores de Natal, cadeiras e toalhas de mesa. Só sossega com uma bolacha na mão ou preso na cadeira da papa ou no carro de baloiço. Parafraseando o Velho Pires, dos Amigos de Gaspar, o D. transformou-se num «furacão desgovernando a minha embarcação».

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