Peter Brook - C.I.C.T. / Théâtre des Bouffes du Nord
11 and 12
27 February 2010 / 19:45
Barbican Theatre
Directed by Peter Brook, this new play explores an extraordinary conflict in West Africa under French occupation. It shows how a dispute over whether a certain prayer should be recited 11or 12 times leads inexorably to hatred and massacres. The question of violence and the true place of tolerance make this epic story more than ever relevant today.
Não sendo excepcional, gostei muito de ir ver esta peça. Quanto mais não seja, fez-me lembrar de que tenho de ir ao teatro mais vezes. Obrigada pelo convite, G.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Uma questão de inglês(es)
Sempre achei que o meu inglês era bom. Tive boas notas na escola e sentia-me relativamente à vontade com a língua. Ao saber que vínhamos morar para Londres, pensei: «que bom, vou poder tornar o meu inglês perfeito». Que duas ideias tão distantes da realidade. Não só me apercebo agora que ainda tenho muito que aprender, como vejo que morar em Londres não é, por si só, um curso de línguas.
Ainda assim, há progressos a assinalar. Aprendi a dizer correctamente nomes como Ebury, St. James's e Gloucester, e passei a saber como se dizem em inglês coisas como calcário, cherovia, ficha e tomada, galochas, trotineta, eglefim, alho francês, montagem (de móveis), pescada, e outras que tais. Mas manter uma conversa fluída já é mais difícil. Raramente troco mais do que duas ou três palavras (raramente sem gaguejar) com ingleses propriamente ditos. De resto, toda a gente com quem me cruzo vem do estrangeiro. Vou praticando algum inglês com a nanny, mas os temas não são muito variados e a pronúncia não é perfeita. E na televisão acabamos por ver mais séries americanas do que inglesas. Continuo a não perceber muita coisa e consigo ver um programa de stand-up comedy sem esboçar sequer um sorriso - e eu até sou um público fácil.
Procuram-se ingleses para manter conversas de chacha. Só para treinar.
Ainda assim, há progressos a assinalar. Aprendi a dizer correctamente nomes como Ebury, St. James's e Gloucester, e passei a saber como se dizem em inglês coisas como calcário, cherovia, ficha e tomada, galochas, trotineta, eglefim, alho francês, montagem (de móveis), pescada, e outras que tais. Mas manter uma conversa fluída já é mais difícil. Raramente troco mais do que duas ou três palavras (raramente sem gaguejar) com ingleses propriamente ditos. De resto, toda a gente com quem me cruzo vem do estrangeiro. Vou praticando algum inglês com a nanny, mas os temas não são muito variados e a pronúncia não é perfeita. E na televisão acabamos por ver mais séries americanas do que inglesas. Continuo a não perceber muita coisa e consigo ver um programa de stand-up comedy sem esboçar sequer um sorriso - e eu até sou um público fácil.
Procuram-se ingleses para manter conversas de chacha. Só para treinar.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Car
O D. tem uma preferência especial por um carro verde e amarelo que chia quando ele o arrasta pela casa. Esta tarde, estendeu-o na minha direcção e fez um som inquisitivo. «É um carro, D. Ca-rro.», disse eu. E ele respondeu: «car». Fiquei sem saber se ele estava a tentar repetir «carro» ou simplesmente a dizer a sua primeira palavra em inglês.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Girls just wanna have fun
«Mamã, também quero pintar as unhas, pode ser? Verniz vermelho nas mãos e branco nos pés.» Hoje foi a saltitar para a escola, de malinha ao ombro e mãos esticadas, para a professora ver.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Amor fraternal
Hoje, quando repreendi o D. por estar a esvaziar o armário dos tupperwares pela décima sétima vez, a L. disse: «Desculpa, mamã.» «Eu não estava a ralhar contigo.» «Eu sei, mas o D. ainda não sabe pedir desculpa.»
Um coelho para duas cajadadas
Que é como quem diz, matar saudades do arroz de coelho no forno ao almoço e ao jantar. Com coelho, chouriço, arroz e azeite portugueses.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
RACL
Podemos chamar-lhe RACL: Rápida Adaptação ao Clima Londrino. De regresso do supermercado, vim alegremente pela rua sem cachecol, sem luvas, e de casaco aberto. «Que tempo maravilhoso», pensei. Estão 8ºC.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Fish and chips
O meu almoço no restaurante da Tate Modern: deep-fried Cornish haddock with chips, tartare sauce and mushy peas. A minha estreia no fish and chips, a repetir.
Carnival
A festa carnavalesca surgiu com a implantação, no século XI, da Semana Santa pela Igreja Católica, antecedida por quarenta dias de jejum, a Quaresma. Esse longo período de privações acabaria por incentivar a reunião de diversas festividades nos dias que antecediam a Quarta-Feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma. A palavra «carnaval» está, desse modo, relacionada com a ideia de afastamento dos prazeres da carne marcado pela expressão «carne vale», que acabou por formar a palavra «carnaval». Em muitos países protestantes, esta festa foi extinta após a Reforma Luterana, em 1537. Aqui está a explicação para não se verem crianças (nem adultos) mascaradas nas ruas de Londres.
Mesmo assim, hoje levámos a L. mascarada para a escola. Entrou triunfante na sala vestida de Branca de Neve, sob o olhar estarrecido dos colegas. Só uma outra menina chilena apareceu vestida de fada. Entrando no espírito, também eu e o T. nos disfarçámos este ano: de turistas. Fomos, sozinhos, visitar a Tate Modern e passear pelas ruas da City. Adoro o Carnaval londrino.
Carnival, Max Beckmann, Tate Modern
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Cupcakes & bouchons
Para a M.
Há algumas semanas, descobri na Kensington Church Street uma pastelaria de fazer crescer água na boca. Nem sei, aliás, se posso chamar-lhe pastelaria. É uma loja ao estilo anos 50, onde só se vendem cupcakes, bouchons e bolos festivos ou de aniversário. O aspecto da montra é qualquer coisa de fenomenal. Quando entramos, o cheiro a bolo acabado de fazer é delicioso. Numa bancada mais adiante, várias raparigas confeccionam os bolos à nossa frente. É difícil escolher o que comprar. Aliás, é difícil até trincar qualquer um dos bolos, de tão bonitos que são. Verdadeiras obras de arte. Mas isso passa depressa. Os cupcakes são bons, mas os bouchons não têm rival algum. Tentei manter a caixa intacta antes de tirar a foto, mas o cheiro dos bolos mornos foi mais forte do que eu.
Laços de ternura
O dia não poderia ter tido um significado mais simbólico. O D. escolheu o Dia de São Valentim para desatar um pouco os laços do nosso amor. Depois de umas quantas dentadinhas amorosas, das quais não tenho quaisquer saudades, trocou-me pelo biberão. Hoje desforrei-me no chocolate e no café e já estou a planear uma bela feijoada para o fim-de-semana.
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Aqua cultura
Há tempos, em conversa com uma sul-africana, diz-me ela, com espanto: «Os ingleses levam as crianças a nadar em pleno Inverno!» «A sério?!» «Sim! Levam-nas à piscina.» «Ha! Pensei que as levavam ao mar.» «O mar até está quente no Inverno. Mas levá-las à piscina...» «Bom, eu também levo a minha filha à piscina.» «Aahhh.»
Por momentos, achei que no capítulo da água nos identificávamos mais com os ingleses. Mas ontem senti-me ligeiramente desintegrada. Levei a L. a nadar no ginásio durante o Family Swimming e, como de costume, levámos chinelos e touca para a piscina. Mais uma vez, fomos as únicas. Cheguei a ter a sensação de estar vestida com os trajes veraneantes do tempo da minha avó nas areias da praia de Espinho.
Por momentos, achei que no capítulo da água nos identificávamos mais com os ingleses. Mas ontem senti-me ligeiramente desintegrada. Levei a L. a nadar no ginásio durante o Family Swimming e, como de costume, levámos chinelos e touca para a piscina. Mais uma vez, fomos as únicas. Cheguei a ter a sensação de estar vestida com os trajes veraneantes do tempo da minha avó nas areias da praia de Espinho.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Dondoca, eu?!
Não, nem por isso. Mas não estar a trabalhar às vezes tem os seus privilégios. Hoje levantei-me às 7.30h (depois de uma noite sem interrupções), dei de mamar ao D., tomei o pequeno-almoço com a L., preparei-a para ir para a escola, fui com o D. à janela despedir-me do T. e da L., tomei banho descansada enquanto a nanny tomava conta do D., brinquei demoradamente com ele e saí de casa quando começou a almoçar. Fui ao ginásio fazer uma aula de Group Cycling, da qual saí de pernas a tremer, tomei banho, almocei enquanto lia um livro, fui buscar a L. à escola, viémos para casa debaixo de um sol revigorante, que põe a cidade ainda mais bonita, lanchámos e brincámos até à hora do banho. Jantámos, deitei o D., o T. deitou a L. e estou a aproveitar para escrever este post enquanto o T. lava a loiça na cozinha. Dondoca, eu?! Não. Mas há dias que correm bem.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Lavatories
Tenho o dom de sentir vontade de ir à casa-de-banho nas horas e nos sítios mais inconvenientes. À partida, isso não constitui um grande problema. Em qualquer esquina se encontra um café ou um restaurante. Basta comprar uma garrafa de água ou beber um café e ganha-se acesso aos lavabos. Mas não em Londres. Encontrar um sítio onde utilizar um lavatory quando se vai pela rua pode ser um problema. Por diversas vezes caí no erro de encomendar qualquer coisa ao balcão e, ao pedir para me indicarem a toilet, receber como resposta um natural «Não temos». A princípio, meio incrédula, pensei que tinha tido azar nos sítios que tinha escolhido, mas já cheguei a entrar num Starbucks sem sítio, sequer, para lavar as mãos. O que não deixa de ser estranho num país onde se bebe tanto álcool e tanto chá.
Pure Beethoven
Beethoven Overture: Prometheus
Beethoven Piano Concerto No 4
Beethoven Symphony No 3 ('Eroica')
Sir John Eliot Gardiner: conductor
Maria João Pires: piano
London Symphony Orchestra
7 February 2008 / 19:30
Barbican Hall
Tenho muita pena de não ter ido.
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
A sunny day in London town
«I'm leaving because the weather is too good. I hate London when it's not raining.»
Groucho Marx
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Let's get physical
«Mamã, tens um bebé na barriga?» «Não, filha, porquê? Gostavas de ter outro mano?» «Não. A tua barriga está grande.»
Hoje inscrevi-me no ginásio.
Hoje inscrevi-me no ginásio.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Meia dúzia
Por força da genética, nasci com um dedão particularmente comprido. Por isso a biqueira do meu pé é uma espécie de triângulo rectângulo que desde sempre deformou os meus sapatos. Nunca me lembro de ter uns sapatos redondos durante muito tempo. E também nunca me lembro de as minhas meias sobreviverem durante muito tempo ao meu dedão furão. O que nunca me causou problemas de maior. Bastava escolher as melhores meias nos dias em que ia comprar sapatos ou ao ginásio. Até chegar a Londres.
Como aqui a maioria das casas é alcatifada, existe o bom hábito de se tirar os sapatos à porta por questões de higiene. Todas as pessoas que entraram cá em casa, desde a health visitor ao senhor que veio contar o gás, perguntaram se tinham de tirar os sapatos antes de entrar. E se a nós nos parece bem que assim se faça - eu própria, sempre que chego a casa, vou ao quarto trocar os sapatos pelos chinelos -, esquecemo-nos, por falta de hábito, de o fazer quando vamos a casa dos outros. Há pouco tempo fomos a casa de uns amigos. Fomos os primeiros convidados a chegar e mantivemos os sapatos. Todas as outras pessoas que chegaram a seguir tiraram naturalmente os sapatos e deixaram-nos à porta. Toda a gente ficou de meias e nós de sapatos. Um lapso terrível. Mas lembrei-me a tempo que não o podia corrigir: as minhas meias estavam no último grau de degradação, com uma fina rede a cobrir-me o dedão.
Hoje decidi renovar a gaveta das meias.
Como aqui a maioria das casas é alcatifada, existe o bom hábito de se tirar os sapatos à porta por questões de higiene. Todas as pessoas que entraram cá em casa, desde a health visitor ao senhor que veio contar o gás, perguntaram se tinham de tirar os sapatos antes de entrar. E se a nós nos parece bem que assim se faça - eu própria, sempre que chego a casa, vou ao quarto trocar os sapatos pelos chinelos -, esquecemo-nos, por falta de hábito, de o fazer quando vamos a casa dos outros. Há pouco tempo fomos a casa de uns amigos. Fomos os primeiros convidados a chegar e mantivemos os sapatos. Todas as outras pessoas que chegaram a seguir tiraram naturalmente os sapatos e deixaram-nos à porta. Toda a gente ficou de meias e nós de sapatos. Um lapso terrível. Mas lembrei-me a tempo que não o podia corrigir: as minhas meias estavam no último grau de degradação, com uma fina rede a cobrir-me o dedão.
Hoje decidi renovar a gaveta das meias.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Macho man
À medida que descobre todos os cantos à casa, o D. descobre também novas paixões. A primeira foi a música. Adora bater no caixote do lixo como se fosse um tambor e usar as tampas dos tachos como pratos de orquestra.
Agora são os carros. Gatinha rapidamente por toda a casa deslizando um carro na mão e adora ouvir-nos a imitar o barulho do motor.
Ou muito me engano ou a seguir vêm as mulheres. Da maneira como morde vigorosamente as bonecas da L., as meninas que se preparem!
Mirror, mirror on the wall
Tudo começou com um livro. Depois, veio o filme. A seguir, os bonecos. E agora, o vestido.
Esta tarde, ao chegarmos à porta de casa, perguntei à L.: «Vamos ao parque?». Fui surpreendida por um «Não, não me apetece.» «Não?!?» «Prefiro ir para casa.» Lembrei-me então da razão: o novo vestido da Branca de Neve que serviu de prémio a uma semana de bom comportamento. Tomba dengosamente a cabeça para o lado e inventa falas de um filme imaginário. Quando falamos com ela, não responde. «I'm not L., I'm Snow White!» Está delirante. E o Carnaval ainda tão longe.
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