7:00h - Os meus olhos abrem-se pela primeira vez.
7:30h - Não consigo voltar a adormecer e decido levantar-me.
8:00h - Depois do pequeno-almoço, sento-me ao computador. Posts, pesquisas e afins.
10:45h - Saio de casa e alugo uma bicicleta que me leva pelos Kensington Gardens, Hyde Park, Buckingham Palace, até St. James's Square, em Piccadilly.
12:25h - Como boa turista, almoço no MacDonalds e vou até à Somerset House ver a exposição sobre Henri Toulouse-Lautrec (na foto vestido com as roupas de Jane Avril).
14:10h - Apanho o metro e vou à Tate Britain ver algumas obras de Lucien Freud, recentemente falecido.
16:02h - Vou até Hyde Park Corner de metro e volto a alugar uma bicicleta para voltar para casa.
17:15h - Tomo um banho de imersão cheio de espuma.
19:00h - Vou ao Royal Albert Hall ver um dos concertos de música clássica das BBC Proms.
22:57h - Caio na cama exausta.
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Scotland
A viagem esteve marcada para Junho, mas a previsão do tempo era de tal forma má que desmarcámos tudo. Fizemos planos para ir em Julho, com o compromisso de nos pormos ao caminho, fosse qual fosse o tempo. Afinal, se toda a gente se preocupasse com a chuva ninguém iria à Escócia. Mas hoje vejo a sorte que tivemos. Se com chuva a Escócia já é bonita, imaginem com sol.
A viagem durou 7 dias. Chegámos a Edimburgo de comboio, subimos de carro até Inverness, com passagem pelo Blair Castle, descemos pelo Loch Ness e seu Urquhart Castle, passámos o fabuloso Glen Coe, parámos em Loch Lomond, voltámos por Stirling e chegámos novamente a Edimburgo. Só tenho coisas boas a dizer. E as imagens, que não dizem tudo, já dão uma ideia.
A vista do Castelo de Edimburgo, com as cores e a arquitectura bem diferente de Londres.
O Castelo de Urquhart com o Loch Ness ao fundo (aquele pontinho que se vê na água é a Nessie).
As montanhas das Highlands parecem cuidadas por jardineiros. As paisagens são de cortar a respiração.
A viagem durou 7 dias. Chegámos a Edimburgo de comboio, subimos de carro até Inverness, com passagem pelo Blair Castle, descemos pelo Loch Ness e seu Urquhart Castle, passámos o fabuloso Glen Coe, parámos em Loch Lomond, voltámos por Stirling e chegámos novamente a Edimburgo. Só tenho coisas boas a dizer. E as imagens, que não dizem tudo, já dão uma ideia.
A vista do Castelo de Edimburgo, com as cores e a arquitectura bem diferente de Londres.
O Castelo de Urquhart com o Loch Ness ao fundo (aquele pontinho que se vê na água é a Nessie).
As montanhas das Highlands parecem cuidadas por jardineiros. As paisagens são de cortar a respiração.
Sobre as portas do comboios
Há tempos, conheci uma colega de trabalho que me perguntou de onde eu era. «De Portugal.»
«Ah, sim? Estive em Portugal há muitos anos, em casa de uma amiga na Figueira da Foz. Gostei muito. Mas achei uma coisa muito estranha: os comboios viajam de portas abertas, com as crianças mesmo ali ao pé!»
«É possível que os comboios naquela altura tivessem portas manuais e alguém se tivesse esquecido de as fechar, mas hoje em dia são automáticas.», disse eu.
Comentei mais tarde com outro colega como são curiosas as imagens que as pessoas fazem de outros países. Para aquela inglesa, Portugal representa comboios que andam de portas abertas.
Não voltei a pensar nisso até fazer a viagem Londres-Edimburgo num comboio rápido, cujas portas são de facto muito seguras para as crianças. Não são automáticas, só têm puxadores do lado de fora, e só se conseguem abrir puxando uma janela para baixo e pondo a mão de fora do comboio. E conclui que as portas dos comboios dizem muito sobre um povo. Ou talvez não.
«Ah, sim? Estive em Portugal há muitos anos, em casa de uma amiga na Figueira da Foz. Gostei muito. Mas achei uma coisa muito estranha: os comboios viajam de portas abertas, com as crianças mesmo ali ao pé!»
«É possível que os comboios naquela altura tivessem portas manuais e alguém se tivesse esquecido de as fechar, mas hoje em dia são automáticas.», disse eu.
Comentei mais tarde com outro colega como são curiosas as imagens que as pessoas fazem de outros países. Para aquela inglesa, Portugal representa comboios que andam de portas abertas.
Não voltei a pensar nisso até fazer a viagem Londres-Edimburgo num comboio rápido, cujas portas são de facto muito seguras para as crianças. Não são automáticas, só têm puxadores do lado de fora, e só se conseguem abrir puxando uma janela para baixo e pondo a mão de fora do comboio. E conclui que as portas dos comboios dizem muito sobre um povo. Ou talvez não.
terça-feira, 16 de agosto de 2011
Opera Holland Park II e III
Mas desta vez, mais do que a ópera, que eu já sabia que ia ser boa, o que mais me surpreendeu foi outra coisa. Antes da ópera começar, e ao ver um cartaz a sugeri-lo, fomos ao bar encomendar as nossas Pimm's e os nossos bagels para comer no intervalo. Pagámos e a menina que nos atendeu disse-nos que nos deveríamos depois dirigir ao balcão do lado esquerdo. E lá fomos ao sítio indicado no fim da primeira parte. Mas para nosso espanto, não havia ninguém a entregar as comidas e bebidas pré-compradas. Num balcão junto à parede, copos e pratos estavam à disposição dos compradores, com um simples bilhete a indicar o nome. E eu não pude deixar de ficar a matutar como isto seria impensável em Portugal. Como nunca se confiaria em deixar as coisas expostas sem ninguém a controlar. Como sempre se desconfiaria que alguém se aproveitasse da comida dos outros. E ainda hoje admiro este poder de confiança dos ingleses na integridade do próximo.
Regent's Park Open Air Theatre
No coração do Regent's Park, existe um anfiteatro ao ar livre, no meio de uma clareira de árvores: o Regent's Park Open Air Theatre. É difícil de acreditar que numa terra onde o tempo é tão instável haja tantas actividades ao ar livre. Mas a verdade é que os londrinos sabem aproveitar bem as oportunidades. E nós soubemos escolher o dia em que fomos lá.
Em cena estava The Beggar's Opera, de John Gay. Chegámos mais cedo, a tempo do churrasco que nos serviu de jantar. Quando a peça começou ainda era dia e depressa fiquei presa pelo enredo. Tudo estava no seu melhor: os cenários camaleónicos, os actores, o ambiente. À medida que a luz foi desaparecendo e a noite arrefecendo, fomo-nos aquecendo debaixo da manta que levei na mala - e fomos cobiçados pelos pouco precavidos vizinhos atingidos pelo frio. Uma cena quase romântica. Só que em vez de estarmos no sofá a ver televisão, estávamos ao ar livre, no meio do parque que tem a melhor vista sobre Londres, numa noite fresquinha, a ver uma versão muito bem feita da Ópera do Mendigo.
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Lou Reed
Voltámos ao Hammersmith Apollo, desta vez para ver Lou Reed. Tendo em conta que ele tem quase 70 anos, não podíamos dar-nos ao luxo de perder a oportunidade de o ver ao vivo. A idade já pesa, mas ainda assim o concerto foi bastante bom - mesmo não tendo eu reconhecido mais de metade das músicas. Afinal, a carreira dele começou antes de eu nascer. O que não lhe perdoo foi não ter cantado uma das minhas músicas favoritas. Fica aqui para ouvir.
Bekonscot
A poucos quilómetros a noroeste de Londres fica Beaconsfield, onde um dia um contabilista abastado decidiu construir, ao lado da sua piscina e cortes de ténis, algumas casas modelo.
O projecto foi crescendo, até que em 1929 foi aberta ao público aquela que é a aldeia modelo mais antiga do mundo: Bekonscot. Há casas, moinhos, quintas, lagos com barcos telecomandados, comboios a percorrer toda a aldeia, casas e casinhas, escolas, castelos, um jardim zoológico, um aeródromo, campos de críquete e feiras de diversões. Tudo em miniatura e com atenção ao pormenor. Acho que me senti mais criança do que as crianças.
Obrigada H., M., C. e J., pelo convite e pela companhia.
domingo, 14 de agosto de 2011
High Tea
Num certo domingo, a G. levou-me a descobrir os prazeres de um high tea à boa maneira inglesa, no quarto andar dos armazéns Fortnum & Mason, em Piccadilly. Na foto estão apenas as amostras da última parte da refeição, que incluiu ainda madalenas, scones, sanduiches e afins. Estava tudo absolutamente delicioso, e foi com muita pena que não conseguimos esvaziar os pratos.
E foi assim que descobri que há nos hábitos ingleses muito mais para além da simples chávena de chá regada com um pouco de leite (e à qual já estou perfeitamente rendida). Comecemos então.
O elevenses é um pequeno lanche a meio da manhã, com bolo ou biscoitos acompanhados de chá ou café.
O afternoon tea, também conhecido como low tea, por ser tomado numa mesa baixa, é uma refeição ligeira, geralmente tomada entre as 2 e as 5h. O hábito de tomar chá durante a tarde foi introduzido em Inglaterra por D. Catarina de Bragança, princesa de Portugal e rainha consorte da Inglaterra e Escócia através do casamento em 1661 com Carlos II. Por ser católica, D. Catarina não foi muito popular em Inglaterra, mas deixou para a posteridade o hábito de beber chá à tarde, a geleia de laranja (que aqui se chama marmalade), o uso dos talheres e o tabaco. O chá, originário da China, já se bebia em Inglaterra no século XVII para combater problemas como a apoplexia, as cólicas ou a tuberculose, mas só se transformou na instituição que é o five o'clock tea com D. Catarina. Tradicionalmente, o afternoon tea é acompanhado de sanduiches (de pepino, ovo, fiambre e salmão fumado), scones (com natas e doce) e bolos (como o bolo de frutas ou o Victoria sponge).
O high tea, também conhecido como meat tea, é uma refeição ao fim da tarde, consumida entre as 5h e as 7h e desta vez numa mesa alta, como o nome indica. Normalmente inclui carnes frias, ovos ou peixe, provavelmente shepherd's pie, bolos e sanduíches. Em algumas partes de Inglaterra, sobretudo Noroeste, Nordeste e em muitas zonas da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, a palavra 'tea' serve para designar o jantar.
E com tudo isto, já estou cheia de fome. Um elevenses para mim, por favor.
Home alone
Se for preciso, passo o ano inteiro a desejar uns dias só para mim, sem crianças nem preocupações. Agora que o T. e os miúdos voaram para Portugal e me deixaram de férias a trabalhar, não consigo deixar de pensar que há alguma coisa errada neste equilíbrio. Entrar em casa e não ter ninguém para abraçar, tropeçar nos legos e nas trotinetas que ficaram desarrumados, entrar no quarto das crianças e sentir o cheiro a bebé no ar, jantar sozinha a comida feita que comprei na ala dos solteiros do supermercado, dormir numa cama grande demais só para mim, tudo é suficiente para me deixar o coração apertadinho.
Hoje os meus olhos abriram-se à hora do costume e não havia ninguém a saltar-me em cima a pedir para comer ou ir à casa-de-banho. Meia hora depois, levantei-me rendida às evidências: não ia conseguir voltar a dormir. Tomei o pequeno-almoço ao som de Amália Rodrigues e sentei-me ao computador. O lado positivo de tudo isto é que, para além de conseguir finalmente pôr este blogue em dia, tenho a vida cultural de Londres à minha espera.
Hoje os meus olhos abriram-se à hora do costume e não havia ninguém a saltar-me em cima a pedir para comer ou ir à casa-de-banho. Meia hora depois, levantei-me rendida às evidências: não ia conseguir voltar a dormir. Tomei o pequeno-almoço ao som de Amália Rodrigues e sentei-me ao computador. O lado positivo de tudo isto é que, para além de conseguir finalmente pôr este blogue em dia, tenho a vida cultural de Londres à minha espera.
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Garden party
No início de Julho, quando já se fazia sentir o bom tempo, recebemos um convite inesperado dos vizinhos de baixo: uma festa no jardim. Ao longo do dia, fomos vendo chegar sofás, mesas, tochas, empregados, comida, tudo altamente profissional. De tal forma, que decidimos esperar para ver pela janela como os primeiros convidados viriam vestidos, não fôssemos cometer alguma gafe. Mudámos de roupa e descemos, para sermos recebidos por copos de champanhe. Não tardámos a apercebemo-nos que se tinham esquecido de nos dizer que deveríamos ter-nos vestido de branco. E que era a festa de aniversário da nossa vizinha mexicana. Só soubémos quando os mariachi apareceram de surpresa para cantar os parabéns e animar o resto da noite.
Ainda restam algumas tochas na relva, que os vizinhos lá deixaram para quem quiser usar. Bem que eu gostava de poder fazer uma festa no jardim agora que dizem que é Verão, mas tem-me custado sair debaixo desta mantinha à noite.
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